Objetivos de investimento, risco e retorno na IPS
Descrever os objetivos de investimento, risco e retorno, é uma das fases mais importantes na construção da Declaração de Política de Investimento ou IPS.
Definir metas torna os investidores menos propensos a reagir às variações de mercado. Se estamos a trabalhar em direção a uma meta ou objetivo, e não na busca de retornos aleatórios, ocasionais, ou para bater o mercado ou um benchmark, a tomada de decisões emocionais e precipitadas reduzem-se substancialmente.
Objetivos de investimento
A IPS deve promover a ligação dos ativos a serem investidos a um ou mais objetivos de investimento. Trata-se de uma forma de descrever o objetivo geral do investimento.
Entre os objetivos e metas mais comuns destacamos:
- A manutenção do estilo de vida no longo prazo;
- Um complemento ao rendimento, quer atual, quer na reforma;
- Comprar uma nova habitação ou outro bem duradouro;
- Financiar os custos de saúde e bem-estar e educação;
- Deixar uma herança ou legado;
- Atingir a independência financeira;
- Investir num negócio próprio.
Objetivo de retorno
O objetivo de retorno do investimento deve ser definido de forma cuidada e pode incorporar uma descrição das necessidades financeiras e a relação destas com fatores como, por exemplo, inflação ou consumo, crescimento ou manutenção do património.
Para calcularmos o objetivo de retorno é também importante definir premissas ou políticas de distribuição e gastos. Esta reconciliação entre os objetivos de retorno do investimento, taxas, impostos, inflação e gastos previstos é útil como um guia para uma estimativa mais realista. As distribuições e os gastos podem ser caracterizadas como uma percentagem do valor de mercado da carteira ou como um valor específico em dinheiro.
- Retorno necessário e Retorno desejado
Na definição do retorno objetivo é muito importante distinção entre retorno necessário e retorno desejado. O primeiro refere-se ao nível de retorno necessário para atingir as principais metas e objetivos financeiros críticos de longo prazo. O último está associado às metas e objetivos secundários do investidor.
Os retornos necessários são normalmente impulsionados pelo nível de gastos anuais e objetivos de poupança de longo prazo. Historicamente, estes objetivos têm sido classificados como rendimento e crescimento. O rendimento (dividendos, juros, rendas) do portefólio é usado para o rendimento corrente e os ganhos do portefólio são reinvestidos para crescimento.
No entanto, estes termos, apensar de muito utilizados ainda hoje, mancha a distinção entre o retorno necessário para um investidor e a sua tolerância ao risco. Os portefólios orientados para rendimento estão tipicamente enviesados para um menor nível de risco e altamente concentrados em obrigações (rendimento fixo). Por outro lado, um portefólio de crescimento está orientado para ações, com baixa relação direta à tolerância ao risco.
Também importante referir a inflação. Normalmente os retornos necessários são apresentados em termos reais, sem ajustamento à inflação. No entanto, quando as despesas correntes e os objetivos financeiros de longo prazo são apresentados em termos de poder de compra, torna-se claro que até os portefólios mais orientados para rendimento requerem um nível considerável de crescimento nominal.
Assim, uma abordagem de retorno total para definir o retorno necessário de investidor deve ser o mais apropriado a definir na IPS. Primeiro atende-se aos objetivos financeiros do investidor e depois identifica-se o retorno anual após-impostos necessário para atingir esses objetivos. Este retorno tem de ser depois reconciliado com a tolerância ao risco, determinada separadamente, e com os constrangimentos, restrições e preferências.
Com a exceção digna de registo das considerações fiscais, é tipicamente menos importante se o retorno total do investimento vem de rendimento ou apreciação do preço.
A tolerância ao risco
A definição desde conjunto de objetivos, ao nível do investimento, retorno e risco, deve funcionar como um alívio para o peso que a realidade financeira transporta no nosso dia-a-dia. Devemos evitar a pressão financeira e procurar com a IPS incutir uma relação mais racional com o dinheiro e com a poupança e investimento.
O risco objetivo de um indivíduo, ou tolerância ao risco, é definido em função da capacidade e da vontade para tomar risco.
A capacidade para tomar risco é determinada pelos objetivos financeiros tendo em consideração os recursos disponíveis e o tempo para atingir esses objetivos. Se os objetivos financeiros forem relativamente modestos face ao portefólio de investimento, claramente o investidor tem uma elevada capacidade para tomar risco, para acomodar volatilidade e retornos negativos no curto prazo. Se a carteira de investimento crescer e se o horizonte temporal aumentar, a capacidade para recuperar de quedas intermédias também aumenta. Tudo o resto constante, objetivos de longo prazo permitem ao investidor considerar investimentos mais voláteis, com o correspondente ganho no retorno esperado.
Objetivos críticos permitem uma menor margem de erro e reduzem a capacidade para acomodar volatilidade. Segurança financeira e capacidade para manter o estilo de vida atual estão entre as maiores prioridades do investidor. O limite à capacidade de aceitar risco é atingido quando a probabilidade de falhar um objetivo prioritário se torna inaceitavelmente alta.
Em contraste com a capacidade para assumir risco, a vontade do investidor envolve uma avaliação mais subjetiva. Traçar o perfil psicológico do investidor é fundamental para estimar a vontade de assumir risco. Se o investidor já tiver experienciado situações de grandes perdas e ganhos avultados torna-se mais fácil produzir um debate em relação à tolerância ao risco.
Todas estas considerações devem ficar definidas na IPS, reconhecendo que a carteira estará sujeita à tomada de risco e que o retorno associado ao risco pode ser positivo e negativo ao longo do tempo.
Os riscos relevantes são vários e podem incluir riscos de liquidez, legais, políticos, regulatórios, longevidade, mortalidade, negócios e saúde. Além de especificar riscos relevantes, definir caminhos aceitáveis de risco também pode ser importante. Por exemplo, tendo em atenção possíveis riscos pessoais (ou seja, perda de emprego, doença, fase do ciclo de vida), um nível absoluto de perda que colocaria em causa a sustentabilidade da carteira de investimento torna a "volatilidade" como uma medida descritiva de risco irrelevante.
Por esta razão, além da volatilidade, devemos também considerar medidas como queda máxima da carteira num determinado período ou em percentagem da carteira.
Sempre que possível, a IPS deve conter uma avaliação da tolerância intelectual e emocional dos investidores para perdas potenciais associadas a riscos. Para essas avaliações podem ser utilizadas entrevistas ou questionários. Os resultados desse tipo de análise podem sugerir limites e políticas associadas ao nível por exemplo do reequilíbrio da carteira, rebalanceamento e de perda máxima.
A definição desde conjunto de objetivos, ao nível do investimento, retorno e risco, deve funcionar como um alívio para o peso que a realidade financeira transporta no nosso dia-a-dia. Devemos evitar a pressão financeira e procurar com a IPS incutir uma relação mais racional com o dinheiro e com a poupança e investimento.
Vítor é um CFA® Charterholder, empreendedor, melómano e com um sonho de construir um verdadeiro ecossistema de investimento e planeamento financeiro ao serviço das famílias e organizações.
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